“Uma flor à chegada” procura dar conforto aos refugiados que chegam a Portugal
“Uma flor à chegada” é o nome da iniciativa criada pela Oh, Maria e à qual se juntaram dezenas de floristas de norte a sul do país. O objetivo é “mimar” os refugiados ucranianos, que chegam a Portugal com “uma mão à frente e outra atrás”.
Ainda sem fim anunciado, a “operação militar especial” na Ucrânia (como Vladimir Putin lhe chamou) começou há mais de um mês e já deixou um rasto de destruição enorme no país. Segundo anunciou a ONU, a 23 de março, mais de 3,6 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde a invasão russa, acrescentando que, entre os que saíram do país e os deslocados internos, o número ascende a 10 milhões de pessoas. Segundo a contabilização das Nações Unidas, o número de pessoas que fugiu das suas casas para outras regiões do país atinge quase 6,5 milhões.
Perante este cenário, Maria Figueira, a mentora da Oh, Maria, decidiu “arregaçar as mangas” e ajudar os refugiados que têm chegado ao nosso país.“Quando recebemos as notícias do que estava a acontecer na Ucrânia, fiquei extremamente abalada (acho que como toda a gente). No meio de tanta informação e da mobilização de tantos projetos de entreajuda, senti-me bastante impotente e sem saber o que fazer para ajudar quem estava lá e quem estava para vir. Num sábado à tarde, entrou uma senhora na loja a pedir alguns ramos de flores frescas para espalhar pela casa e, em conversa, fiquei a saber que receberiam naquele dia uma jovem de 36 anos, sozinha, sem a família. As flores eram para trazer alguma luz e cor a esta receção. Fui para casa a pensar naquilo. No dia a seguir, lembrei-me que, embora não tenha condições para receber ninguém da Ucrânia, podia ajudar quem está a receber a tornar esta chegada tão dolorosa, um bocadinho mais colorida. É um miminho, um conforto para quem chega. Um “bem-vindos a Portugal” e um abraço de quem cá está.
Quando comecei a partilhar na nossa página do instagram – @ohmariaflores – comecei a ter um feedback incrível e, pouco a pouco, comecei a receber mensagens de malta que ia receber algumas famílias, mulheres e crianças. Então, ocorreu-me que, como não consigo fazer chegar as minhas flores (em tempo útil) a outros locais muito longe de Lisboa, desafiei floristas e designers florais a juntarem-se a mim. E tive a sorte de alguns profissionais, desde norte a sul, se juntarem a mim e ajudarmos a florir estas chegadas. Para ser mais fácil, dei um nome ao movimento – Uma Flor à Chegada. A Associação Mundo dos Sonhos Mágicos, a Junta de Freguesia de Benfica e a Iberia Aid Caravan são alguns exemplos que me contactaram e enviámos ou continuamos a enviar flores a quem chega. Pelas minhas contas, já ajudámos a receber perto de 150 pessoas entre todos nós”, conta Maria.
O objetivo desta inciativa é, segundo Maria Figueira, “Dar conforto ao maior número de chegadas possíveis”, embora considere “não há flores suficientes que anulem a dor de deixarmos familiares e toda uma vida para trás”.
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